sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sobre rabos-de-burro e cangapés


Em sua nonagésima edição, sempre apresentado pelo inoxidável Pedro Babau, o Big Brother é mesmo um sucesso. O programa parece ter acertado em cheio ao apostar em nosso voyerismo tupiniquim, uma vez que no Brasil se para pra assistir até porco sendo capado.

O Grande Irmão inverteu a metáfora de que a TV é uma janela aberta para o mundo. Com o advento desse honorável show da realidade, o mundo é que, do lado de fora, espia o que se passa dentro de uma casa, cheia de subcelebridades instantâneas, dispostas a fazer de um tudo para se autoeliminarem a si próprias. Precisa de mais?

A contribuição do BBB para a humanidade, nos campos da psicologia, dramaturgia e proctologia, é inegável. Há quem compare cada capitulo a uma obra inteira de Guimarães Rosa. Aliás, é mesmo besteira adaptar um livro medonho como Grande Sertão - Veredas, se com muito menos investimento pode-se ter muito mais audiência e merchandising.

Extraordinária é também a capacidade do BBB pautar a mídia e as conversas cotidianas (vide a nossa, aqui). O assunto da vez é um instrutivo caso de abuso sexual, praticado por um dos heróis do Babau, enquanto a vítima dormia o sono dos bebos. A contragosto (ou não, quem sabe?) da produção do programa, o malfeito virou caso de polícia. E o Brasil se pergunta se o ato foi estupro ou consentimento tácito de alguém que queria, mas o álcool agiu primeiro. Quem liga para a corrupção ou a miséria politroante, meu amigo? Isso é muito mais interessante!

Os mais despudorados se sustentam no aforismo de que fiofó de bebo não tem dono. Outros querem que o rabo-de-burro apodreça no chilindró pelo ultraje, cometido às escondidas, sob o olhar atento de milhões de pessoas. Entretanto, o Programa é tão bom que está cheio de anunciantes e pouca gente questiona sua existência, mesmo o BBB apostando sempre no "quanto pior melhor", afinal, é disso que o povo gosta.

Falando em bom gosto, a Globo comprou de vez o UFC, ainda bem que não foi a UFC (Universidade Federal do Ceará). Agora, nas madrugadas de sábado, é pêia até dizer chega! São os gladiadores do século XXI (#orgulho) que só faltam matar um ao outro com técnicas sofisticadíssimas de bundacanastras e cangapés. É um esporte mesmo atemporal. Faria sucesso brincando na Roma Antiga, onde crianças, entre uma colher e outra de mingau de cevada, se distraiam vendo leões devorar os vizinhos. A continuar assim, chegaremos a esse nível já, já!

A propósito, Frei Galvão Bueno anunciou que já somos o terceiro país do mundo em negócios ligados ao MMA. Viva! E eu ainda reclamo dos baixos investimentos em cultura e educação nesse país. Pra que tudo isso, se a TV, concessão pública, nos dá tamanho retorno? Sou mesmo um ingrato! Antes de ser finalizado, finalizo essa crônica com a esperança de que dias melhores virão. Luiza acaba de voltar do Canadá!

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